TI e o sonho de acabar com tudo
Desde que entrei na área de TI, sempre houve aquela narrativa de que “algo” revolucionário ia acabar completamente com outro algo. Mas será que acabou mesmo?
Desde que botei os pés na área de TI, um mantra ressoa nas entrelinhas de fóruns, posts e conversas de bar: sempre existe “a próxima grande coisa” que vai destruir completamente tudo que veio antes. Só que… bom, estamos esperando até agora.
O mito do DevOps que ia acabar com operações
Comecemos com o clássico: o DevOps. Lá nos primórdios, quando essa filosofia (ou metodologia, dependendo do seu palestrante preferido) começou a ser adotada, a promessa era clara: ia acabar com operações. Tudo seria código! Tudo seria ágil! E, claro, a automação resolveria todos os problemas com um passe de mágica.
Fast-forward pra realidade: hoje, aquela tarefa que antes levava cinco minutos e dois comandos no terminal virou uma maratona de mil horas, 10 war rooms e algumas sprints de atraso. Afinal, temos que configurar pipelines, alinhar com o time, validar o processo, passar em todas as esteiras do CI/CD… Ah, e não esqueça do “approval process” na ferramenta de integração que jura que tá ajudando.
Cloud: o golpe da nuvem (literalmente)
Depois veio a cloud. Ah, a gloriosa nuvem! Durante a pandemia, com todo mundo em home office e empresas correndo pra se digitalizar, a promessa era que a nuvem ia mandar o on-premises direto pro museu. Infraestrutura tradicional? Coisa do passado! O futuro é servidor elástico, escalabilidade infinita e custo controlado.
Mas o que temos hoje? Contas de cloud que te fazem reavaliar decisões de vida. Pra quem vive em países emergentes, como o Brasil, onde o dólar tá em um flerte perigoso com os R$ 7, manter uma infraestrutura 100% em cloud virou desafio digno de heróis. E a cereja no bolo? A nuvem custa caro, e as promessas de economia muitas vezes evaporam mais rápido que o crédito no seu cartão.
Inteligência Artificial: o exterminador das profissões?
E agora chegamos ao hype do momento: a Inteligência Artificial. Se a gente acreditar nos discursos do LinkedIn, a IA vai acabar com tudo. Não sobra nada. Arte? Morta. Empregos de programadores? Extintos. Produção musical? IA resolve. Textos de marketing e copywriting? Nem precisa mais de gente.
Na prática, o que temos até agora? Gerações infinitas de memes, textos meia-boca e uma galera tentando forçar a barra pra substituir times inteiros com um prompt mal escrito no ChatGPT. A revolução, pelo visto, ainda tá no beta.
E o que realmente acabou? Meu feed do LinkedIn
Mas, no meio de tantas promessas revolucionárias, sabe o que realmente acabou? A qualidade do meu feed no LinkedIn. Antes, ele até tinha uns conteúdos legais. Agora? É só textão motivacional com 37 hashtags, prints de logs do Azure e gente jurando que “a IA tá mudando tudo” porque conseguiu criar uma lista de compras automática.
O sonho continua
No fim das contas, enquanto a tecnologia sonha em acabar com tudo, a realidade tá aí: a gente ainda tá tentando resolver o básico sem enlouquecer com as contas de cloud e as demandas do Jira. Então, que venha a próxima promessa revolucionária! Só espero que ela não acabe com meu café, porque aí sim é o fim.