A Vida é um MMO

A Vida é um MMO

Esse carinha era eu na vida.

Demorei para decidir escrever este post. Ele é pessoal, fala de algumas batalhas que travei na minha carreira e de coisas que, por muito tempo, guardei como se fossem os drops mais raros da minha bag. Mas, ao mesmo tempo, fico pensando: e se alguém aí do outro lado precisar ler exatamente isso? E se tiver um jogador solo precisando entender que não é o único que enfrenta certos desafios? Principalmente no Brasil, onde nascer pobre e periférico é começar o jogo no modo Hardcore, sem tutorial e com um monte de debuff ativo.

Por muito tempo, minha rotina era simples: ia para escola de manhã, voltava pra casa, ligava o PC e passava o resto do dia jogando MMOs (Massively Multiplayer Online games). A galera que viveu a era de ouro do Ragnarok Online sabe do que estou falando: horas e mais horas matando bichinhos, coletando loot, repetindo as mesmas tarefas infinitamente por recompensas medíocres – mas boas o suficiente para te manter viciado.

E foi aí que, em um belo dia, caiu a ficha: a vida real não é muito diferente.

O Grind da Vida

Cresci na favela, no Rio de Janeiro, e a real é que, se eu dependesse das expectativas que colocavam para mim, estaria até hoje upando XP em algum mapa ruim, com um char full errado, e sem grana nem para uma poção de cura. Quando comecei a me interessar por TI, trabalhar nessa área ainda era um privilégio de poucos, e eu, ingenuamente, decidi seguir para infraestrutura. Para você ter uma ideia, um gestor com sorte ganhava entre 4 e 5 mil reais – isso numa época em que essa grana já não era lá grande coisa.

Mas foi jogando Ragnarok Online que uma coisa me bateu forte: por que diabos eu me matava tanto no jogo, otimizado até os dentes, e na vida real eu sequer fazia um build decente? Passava madrugadas farmando XP, melhorando skills, planejando estratégias, estudando cada pixel do mapa para maximizar meu ganho de loot… E, na vida real? Fazia o básico do básico e esperava alguma coisa mudar.

O problema? Diferente do MMO, onde o grind sempre te faz subir de nível, na vida real, se você nasce em um servidor zoado, pode se matar de trabalhar e ainda assim não sair do lugar.

Foi aí que decidi mudar minha estratégia: se a vida era um MMO, eu ia jogar pra ganhar.

Meu Plano de Jogo

“Eu sabia tudo de Linux, precisava que o pinguim fizesse a diferença…”

Se nos MMOs existiam os “cachers” – aqueles jogadores que gastam dinheiro para acelerar o progresso – eu precisava encontrar uma forma de fazer isso na vida real. Mas, como eu não tinha grana, minha moeda seria tempo e dedicação. Então, comecei a investir pesado: cursos online, documentação oficial, lab prático, certificações. Aprender inglês não era opcional, era quest obrigatória. Precisava dos melhores “itens” da vida profissional para upar rápido.

Tracei minhas metas como se fossem dungeons: queria trabalhar numa fintech (check), queria atuar em consultoria (check), queria dar aula em uma faculdade grande (check), queria mexer com os melhores cloud providers (check). Cada conquista era um upgrade no meu char. De júnior a pleno. De pleno a sênior. De sênior a especialista. De especialista a arquiteto. Do mesmo jeito que, no Ragnarok, um guerreiro se tornava cavaleiro e, depois, lorde.

A diferença é que eu não podia me dar ao luxo de “morrer” na vida real e voltar para o save anterior. Cada escolha errada custava tempo, energia e oportunidades.

Boss Fight: A Entrevista

E foi assim que cheguei na entrevista para a Sinqia, há uns Quatro anos. Cheguei preparado, armado com todas as skills e buffs que acumulei ao longo da jornada. No meio da conversa, soltei essa:

“Eu passava grande parte do meu dia jogando e isso não me rendia nada financeiramente. Se eu era bom em jogo, tinha que ser bom na vida profissional e ganhar em proporção. Não jogo mais, agora só estudo e trabalho. Quero ganhar de acordo com meu esforço.”

Pra minha surpresa, fui contratado na hora. Mais tarde, descobri que meu líder era top tier no Cabal Online e o chefe dele era brabo no Counter-Strike. Eles entenderam perfeitamente a lógica do esforço, da recompensa e do grind bem feito.

E foi com eles que aprendi algo valioso:

“Não dá pra passar a vida upando em um mapa ruim.”

Se você quer crescer, precisa escolher bem onde investe tempo e energia.

O Loot da Vida

No final das contas, o que eu mais aprendi foi que a vida é um jogo de escolhas. Cada decisão que você toma é como escolher uma skill para upar ou um item para equipar. Algumas escolhas vão te levar mais longe, outras vão te fazer perder tempo, e mesmo essas em que perde tempo tem algum valor pois vai te trazer algum conhecimento. O importante é sempre estar atento ao que realmente importa e não ter medo de mudar de estratégia quando necessário. parado ninguém chega a lugar nenhum. Hoje tenho muito foco em ajudar pessoas com a mesma origem e mesmo objetivo, tanto no trabalho quanto em mentorias/curso que faço. Espero conseguir ajudar o máximo de pessoas a mudar sua realidade.

E aí, qual vai ser a sua build?